“Mãe, você nunca tem tempo pra mim.” Essa é, talvez, uma das frases mais dolorosas que uma mãe pode ouvir de um filho. E, infelizmente, é a realidade de milhares de mulheres brasileiras que enfrentam jornadas exaustivas, muitas vezes em escalas como 6×1, tentando conciliar trabalho, afazeres domésticos e maternidade — quase sempre sem rede de apoio e sem políticas no ambiente profissional que respeitem suas demandas enquanto mulheres e mães.
Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), brasileiros e brasileiras trabalham, em média, 39 horas semanais, sendo que 11% da população ocupada encara jornadas de 49 horas ou mais por semana — um patamar já classificado como excessivo pela instituição.
Essa sobrecarga deixa marcas profundas na saúde física e mental das mulheres. De acordo com o relatório “Esgotadas”, da ONG Think Olga, 45% das mulheres brasileiras já foram diagnosticadas com ansiedade, depressão ou outros transtornos mentais. Além disso, 28% delas afirmam que a carga de trabalho afeta diretamente sua saúde emocional, o que também se reflete na vida familiar, gerando nos filhos sentimentos de abandono e distância afetiva.
O cenário é ainda mais crítico entre as mulheres negras. Dados apontam que 46% das mulheres pretas e pardas não conseguem parar para cuidar da própria saúde mental. São essas mulheres que, além de enfrentarem maior vulnerabilidade, também ocupam os postos mais precarizados e recebem os piores salários dentro da cadeia produtiva.
Diante dessa realidade, é urgente repensar as políticas de trabalho e saúde no Brasil, garantindo jornadas mais humanas, ambientes de trabalho acolhedores e acesso efetivo a cuidados com a saúde mental. Neste momento de campanhas salariais e negociações coletivas, a inclusão de cláusulas sociais que contemplem as trabalhadoras é fundamental. A defesa da saúde mental e física precisa ser pauta prioritária nas mesas de negociação com os patrões, como um direito essencial para garantir dignidade e qualidade de vida a todas as mulheres.
Luiza Alves – Comunicação STIMEPA